Coisas pequenas do tamanho de um grão de areia e breves como bolas de sabão.
Gestos que nutrem o que alguém descreveu ser a minha forma ‘positiva e mágica em relação à vida’.
Alguns diriam que foram as circunstâncias desta vida que ontem cruzaram no meu caminho um americano da Califórnia, outrora engenheiro de aviões, cuja fé o levou a escolher Portugal para passar os últimos anos da sua vida.
A estas circunstâncias, acasos e coincidências eu dou outro nome claro!
P. já não tem esses anos. Restam-lhe semanas ou talvez dias.
Recusou o internamento e com uma voz sumida mas de convicção forte assume que apenas lhe resta esperar. Poderia ter feito mil discursos para o dissuadir tal como fizeram os médicos mas fui incapaz.
Não consigo definir o que me levou a sair da cama como se tivesse uma mola às 4:13h desta madrugada para que este americano de olhos tristes mas doces não ficasse abandonado à porta de um hospital.

Certo é, que por muito que viva, vou sempre recordar a graça de receber o sorriso daquele desconhecido que me viu chegar e que esquecendo o sofrimento em que estava insiste em fazer-me saber que ‘a menina que chega a meio da noite tem o mesmo nome da minha irmã gémea’.
(30.Julho.2011)