Por momentos fui apenas uma lagartixa grudada numa parede. Fixa, imóvel e sem forças para sair do branco que era a incerteza e não a tranquilidade.
Há momentos assim, e depois, um instante de “Pause” com um “rapto” inesperado até à Foz do Arelho. Obrigada!
De regresso, sinto que faz falta uma fusão com a natureza: desaparecer como um pôr-do-sol para no dia seguinte nascer de novo, ser grande e revolto como o mar para revirar a imensidão de ruído que por vezes nos atormenta.
E quando esse ruído é apenas silêncio?...
E quando uma voz chega muda do outro lado da linha?
… Ali se fica, imóvel, incapaz de interpretar aquilo que não se ouviu, até que uma borboleta nos pousa no ombro.
Esta borboleta traz consigo luz, incenso, chá quente, conforto, e sob o olhar atento da lua, as estrelas tornaram-se cúmplices cintilantes desta partilha e cumplicidade e aplaudiram a lição de hoje: por vezes é preciso primeiro perder para depois encontrar.
Nós já aprendemos, e os outros?
Para eles, fica o mais importante da mensagem deste extraordinário poema de Ary dos Santos
“Em nome dos que choram,
Dos que sofrem,
Dos que acendem na noite o facho da revolta
E que de noite morrem
Com a esperança nos olhos e arames em volta.
Em nome dos que sonham com palavras
De amor e paz que nunca foram ditas,
Em nome dos que rezam em silêncio
E falam em silêncio
E estendem em silêncio as duas mãos aflitas.
Em nome dos que pedem em segredo
A esmola que os humilha e os destrói
E devoram as lágrimas e o medo
Quando a fome lhes dói.
Em nome dos que dormem ao relento
Numa cama de chuva com lençóis de vento
O sono da miséria, terrível e profundo.
Volta outra vez ao mundo!”
2 comentários:
E aqui fica o meu sinal de hoje: "Tem que confiar... Agarre-se bem, mas não duvide... Confie... E é pelo silêncio que se ouve a Fé... a Palavra... a Voz..."
Adorei o poema, faz me pensar muito....
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