Corte Umbilical

Vivemos num mundo onde estamos dependentes de cordões umbilicais. Esses cordões têm vários nomes:

- Dinheiro,
- Segurança,
- Marido,
- Filhos,
- Saúde,
- Estabilidade,
- Etc etc etc.

Alimentamo-nos destes cordões incessantemente como se não fossemos capazes de viver livres deles. Eu pergunto:
E quando na vida nos cortam um destes cordões como nos aconteceu à nascença?

Na Bíblia há uma passagem que só agora entendi.
Diz que "Bem-aventurados os pobres de espírito, pois deles é o Reino dos Céus."

Há dois anos o Pe. Carlos deu-me um conselho muito sábio: “Cuidado quando lês a Bíblia. Está cheia de metáforas. Reflecte e questiona. Não leves tudo à letra.”

Hoje percebo esta passagem e porque é que tantas pessoas escondem por detrás das aparências corações tristes e infelizes.



Penso que elas verdadeiramente acreditam que cordões umbilicais com um emprego com estatuto, salário chorudo, aliança no dedo, filhos, casa e carros de luxo as poderão fazer felizes.

Hoje entendo que pobres de espírito não são aqueles desprovidos de inteligência, mas sim aqueles que praticam o Desapego e que confiam que lá por nos ser cortado o cordão umbilical à nascença, há-de haver sempre algo que continua a sustentar-nos a cada respiração.



Hoje entendo que a nossa vida começa quando, após esse corte, contamos com a única fonte que nunca se esgota: A Fonte do Amor Divino.

Lembram-se? É aquele que há uns tempos eu digo que Nunca Falha!



Já fui pobre de espírito e ‘umbilicalodependente’.
Às tantas a Vida cortou-me alguns cordões e eu fiquei sem ar.
Com alguns consegui recuperar o fôlego. Outros houve em que quando me descobri e falei a minha Verdade, o ar não voltou aos meus pulmões.
Por vezes a Verdade é mal entendida...



.. mas é possível continuar a distribuir sorrisos quando se encontra Paz e se percebe que a falta de ar do outro não é da nossa responsabilidade, mas sim de como o outro é capaz (ou não) de gerir um corte umbilical.

Hoje estou grata porque a minha falta de ar permitiu que abraçasse o espírito vazio e que o Amor Divino começasse a ter espaço.

Há dias alguém me disse: ‘..Na tua vida parece que tudo se conjuga de uma forma mágica.’
Não foi nem é magia.

É Confiar neste Amor e ‘tudo o resto te será acrescentado’.



Hoje não falei com o Mar.
O Amor Divino antecipou-se e soprou estas palavras:

“Não prolongues o passado.
Não convides o futuro.
O presente é Amor e não há nada mais além disso.”

(27.Fevereiro.2011)